Escrevo na agenda, enquanto o caderno (que pretendo ganhar) não vem.
Agenda nova; não quero nada datado no passado. O dia no qual escrevo é 19 de janeiro, mas o dia em que escrevo é 6. Nem sei se isso está de acordo com a nova língua portuguesa. Ou com a antiga. Pouco importa.
Vim escrever porque as palavras saem de mim. Pululam. Disputam a minha língua, as pontas dos meus dedos, a minha mão direita. E, a não ser que eu fale com a borboleta preta que voa pela casa atrás de mim, não posso falar com mais ninguém nesse momento.
Segurei a caneta e dei um tempo para as minhas palavras. Pra refletir sobre elas, o que é consideravelmente raro. Geralmente elas me atropelam e eu sigo seu ritmo e saio, ligeira, disparando palavras por aí.
Foi um momento bom, porque eu percebi que aquelas palavras tentaram me sufocar. Elas eram angustiadas, carregadas de forte emoção; eram profundas. Meu momento de reflexão me permitiu perceber que elas não eram minhas palavras.
Eram umas palavras perdidas... Bonitas, até. Mas perdidas, que me encontraram e me invadiram, me impulsionando para escrevê-las. Mas não refletem nem de longe o que eu sou e o que sinto hoje. Hoje, pra mim, as palavras são rasas. Simples e leves. Não eram minhas aquelas palavras.
Desde que o meu ano começou eu sei que eu posso, eu quero e eu vou ser diferente daquelas palavras. Talvez um dia publique um livro com todas elas; palavras angustiantes, ensaiadas, impactantes. Quem sabe assim enriqueço, não é?
Angústia está na moda.
E eu nunca estive tão démodé!
(06/01/2009)
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