quarta-feira, 28 de janeiro de 2009


Um dia desses uma grande amiga (a melhor) me disse que eu sou punitiva.
Não, que eu fui punitiva com ela por não apoiá-la em uma nova tantativa de algo que várias vezes no passado já lhe causou extremo sofrimento.
Não quer me contar a estória, não quer que eu diga o que ela não quer ouvir.

Certa ela! Eu é que não deveria me meter!
Mas aí eu não seria amiga. Aí eu não seria eu.

Claro que como estou imersa no meu processo de mudança (pra melhor), isso me afetou de alguma forma. Me fez pensar no que eu espero dos meus amigos e em que tipo de amiga quero ser pra eles. Talvez o tipo de amiga que sou me faça merecer o número de amigos que tenho.

Mas, sabe? Em que momento a gente atravessa a linha tênue entre fazer o que é certo e fazer o que é agradável? É como ter a obrigação moral de dizer a um filho magoado com o amigo e que vê diante dos seus olhos a oportunidade de vingança, que ele não precisa pagar na mesma moeda. Não sou mãe, mas acho que a reação impulsiva é dizer "muito bem, você tem que se defender, mas se quiser eu posso ir lá dar um cascudo nele por você!".

Não dizer o que você pensa a um amigo é amizade? Não tentar prevenir seu sofrimento é lealdade? Não sei... Mas sei que respeitar é o princípio fundamental de qualquer relação interpessoal e com minha amiga não seria diferente.

Eu respeito as escolhas dela e a amo da mesma forma. Se ela estiver feliz com as escolhas que fez, eu estarei lá, serei até sua dama de honra se ela quiser (embora eu saiba que ela jamais quererá!!). E se ela não for feliz com as escolhas dela, tenho certeza que sabe que eu estarei aqui e que, de mim, tudo o que ela pode esperar é um ombro aconchegante, carinho e a verdade.

A verdade, mas talvez dita de uma forma diferente...

sexta-feira, 9 de janeiro de 2009

Enquanto o caderno não vem...



Escrevo na agenda, enquanto o caderno (que pretendo ganhar) não vem.
Agenda nova; não quero nada datado no passado. O dia no qual escrevo é 19 de janeiro, mas o dia em que escrevo é 6. Nem sei se isso está de acordo com a nova língua portuguesa. Ou com a antiga. Pouco importa.

Vim escrever porque as palavras saem de mim. Pululam. Disputam a minha língua, as pontas dos meus dedos, a minha mão direita. E, a não ser que eu fale com a borboleta preta que voa pela casa atrás de mim, não posso falar com mais ninguém nesse momento.

Segurei a caneta e dei um tempo para as minhas palavras. Pra refletir sobre elas, o que é consideravelmente raro. Geralmente elas me atropelam e eu sigo seu ritmo e saio, ligeira, disparando palavras por aí.

Foi um momento bom, porque eu percebi que aquelas palavras tentaram me sufocar. Elas eram angustiadas, carregadas de forte emoção; eram profundas. Meu momento de reflexão me permitiu perceber que elas não eram minhas palavras.

Eram umas palavras perdidas... Bonitas, até. Mas perdidas, que me encontraram e me invadiram, me impulsionando para escrevê-las. Mas não refletem nem de longe o que eu sou e o que sinto hoje. Hoje, pra mim, as palavras são rasas. Simples e leves. Não eram minhas aquelas palavras.

Desde que o meu ano começou eu sei que eu posso, eu quero e eu vou ser diferente daquelas palavras. Talvez um dia publique um livro com todas elas; palavras angustiantes, ensaiadas, impactantes. Quem sabe assim enriqueço, não é?
Angústia está na moda.

E eu nunca estive tão démodé!

(06/01/2009)

terça-feira, 6 de janeiro de 2009

São verdes os meus olhos



São verdes os meus olhos.
Eu rôo as unhas, cuido para que cresçam e volto a roê-las.
Corto os cabelos para deixá-los crescer.
Faço promessas de caminhada.
Experimento em ordem alfabética os sabores escritos na parede.
Troco o dia pela noite.
Acompanho a novela.
Tudo o que sou hoje é um desejo se realizando.
Ainda sou pior do que serei amanhã.
São verdes os meus olhos.