quarta-feira, 30 de abril de 2008

Mais Louco é Quem Me Diz...


Química instável.
Depois de dizer isso eu nem precisaria continuar escrevendo, mas não tomei minha dose de "se mancol" hoje...

À minha vida se aplica plenamente aquela frase célebre que diz: "cada mergulho é um flash!".
Às vezes fico até ofuscada com tanto flash, tonta com a velocidade das mudanças.

Todas dentro de mim.

Voltei à estaca zero e essa foi minha prova dos nove. Permiti que isso acontecesse, mas confesso que não foi totalmente proposital; eu estava otimista quanto às minhas mudanças.

Tudo mentira! Promessas quebradas!

Minhas unhas estão roídas. Meu cabelo mudou de cor, de novo. Minha insônia dá o ar da graça toda noite. Tenho enjôo; minha cabeça pensa muito. Tento advinhar o futuro. Organizo a vida em pensamentos. O mundo conspira contra mim. A vida se embaralha outra vez. O ponteiro da balança sobe.

E eu fico aqui pensando: quem poderá me salvar???

Faço cronogramas pra cercar o tempo e me convencer a levantar em um horário decente, porque deus ajuda quem cedo madruga.

Me agarro a uma coisa de cada vez, embora eu saiba que a outra coisa é mais importante que a uma, e que isso limita minhas chances. Mas tudo bem, melhor um pássaro na mão que dois voando.

Nem sei se um dia estarei estável o suficiente pra fazer mais de uma coisa por vez, mas a esperança é a última que morre.

Considerando que já tenho 31, é melhor começar a levar a sério as tentativas de estabilizar, porque já deixei passar muitas oportunidades. Antes tarde do que nunca, mas não quero chegar aos 71 tentando. Ninguém merece ter crises existenciais nesse período da vida.

O que me consola é que, no final, tudo dá certo.

Às vezes fico mesmo pensando em todas as mudanças pelas quais eu passo sem entender exatamente o que tenho que mudar em mim pra me sentir fazendo parte do mundo. A última coisa na qual eu quero acreditar é que a gente é pra o que nasce.

Será mesmo que pau que nasce torto nunca se endireita?

(Segura o tchan!!!)

Antes, até, penso se vale a pena ficar falando sobre as minhas questões pessoais aqui. Na maioria das vezes fico constrangida em admitir minhas limitações e a maneira como funciono é uma delas... Quer saber? A vida é da pessoa!

Mas pensando na minha profissão, talvez fosse mesmo bom encerrar o assunto por aqui e fazer uma capa de equilíbrio e serenidade, porque em terra de cego, quem tem olho é rei.

Por outro lado, talvez compartilhar essas questões seja bom, no final das contas, porque uma andorinha só não faz verão. E eu já entendi faz tempo que, em certas situações, é preciso uma força-tarefa.

Bom, pode ser, inclusive, que não tenha ninguém aí lendo. Pode ser que, ao ler sobre as minhas questões pessoais, o máximo que você, leitor, possa ou consiga fazer é lembrar das suas próprias questões pessoais e fale sobre elas no seu comentário, esquecendo que o foco aqui são as minhas questões. E nesse caso, antes só que mal acompanhada!

Na verdade, eu agradeço a sua visita. Muito mesmo! E entendo que cada um trate a si como prioridade absoluta. O que eu quis dizer é que...

Ah! Deixa pra lá...
Cada um com seus problemas!

quinta-feira, 24 de abril de 2008

Outro tempo começou...


Escrevi isso há algum tempo e não postei. Hoje, ouvindo o Ney cantar "é preciso estar atento, forte. Não temos tempo pra temer a morte", me arrependi e resolvi postar.

Algumas coisas ainda são verdade, a não ser pelo fato de eu não ter persistido nas minhas "atitudes". Ah! A Lud sumiu. Pra valer, dessa vez. E eu expulso os passarinhos que vêm ao canteiro, porque acho que um deles papou a pobrezinha...

É o seguinte:

"Antes de tudo, o texto é grande, não comece se não quiser terminar!


Muitas coisas mudaram nos últimos dois meses e a grande maioria me trouxe uma tranqüilidade como há muito tempo eu não experimentava. Não que todas elas tenham sido boas, pelo contrário. Mas certamente todas elas me mobilizaram de tal forma que fui obrigada a aprender a contar o tempo um pouco mais devagar.

Pra falar a verdade, se voltasse no tempo, facilmente perceberia que já estava mais do que na hora de botar o pé no freio.

Foi preciso meu cérebro “tiltar”, meu corpo parar de responder na mesma freqüência, meu pensamento se desorganizar, eu ficar atordoada, triste e rancorosa, grudada no sofá, apática e perdida nos pensamentos trágicos.

“Pane no sistema, alguém me desconfigurou”.

Fui obrigada a começar o processo de mudança. Pra melhor! Por algum tempo tive medo de mergulhar nessa de mudar; medo de não ser mais eu mesma e perder pessoas. Mas, putz, quem sou eu mesmo???

Essa é a parte difícil de começar: não saber exatamente de onde partir.

Eu selecionei algumas coisas: apatia, tristeza, cansaço e medo.

Pra me movimentar, comprei um tênis; saí do sofá, comecei a lidar com a angústia de sair de casa, ir ao médico, ir à terapia, sair e ver o mundo. Nesse quesito ainda oscilo, mas acho que já avancei bastante!

Pra tristeza, estabilizei meu cérebro. Demorei pra aceitar isso, ainda não sei se consigo falar... E pra falar a verdade, acho que não preciso.

Pro cansaço, comecei a criar estratégias pra dormir bem, não ter pesadelos, não acordar às 4h da madruga, não me assustar com minhas tentativas de grito durante o sono. Era muita coisa ao mesmo tempo e descansar, respeitar meu horário de sono, me obrigar a olhar pro teto, se necessário, até dormir, tudo isso fez a maior e a melhor diferença de todo o processo até agora.

Pro medo, adotei uma aranha. Quem me conhece sabe que não tenho uma relação amistosa com aracnídeos de um modo geral. Mas essa aranha é especial...

Temos uma jardineira na varanda de casa e lá tem diversas plantas e matinhos que eu planejava substituir, mas o Paulo achou uma aranha lá e a Gisele a batizou de Ludmila. Nós a chamamos – intimamente – de Lud.

Ela é uma Aranha de Prata, é fêmea mesmo e faz e refaz sua teia numa agilidade impressionante. Passamos a alimentá-la com moscas e formigas que achávamos pela casa. Até que um dia ela simplesmente parou. Não refez mais a teia, não comeu os bichinhos que caçou – e nem os que nós caçamos.

Minha primeira reação foi sentir culpa. Achei que tínhamos dado algum bichinho envenenado pra ela e que ela estivesse morrendo. Achamos que talvez ela não devesse comer soldadinhos (aqueles bichinhos pretos com bolas brancas nas asas) e tinha sido sua última caça, a que estava no centro da teia.

Depois fiquei com raiva dela – sim, pode rir, criei uma relação de afeto com ela – achei que ela tinha desistido, que era uma aranha fraca e que realmente não merecia sobreviver.

Um dia, olhei pra teia e havia duas aranhas lá. Fomos olhar de perto, curiosos, e percebemos que ela estava crescendo. Passou quase 48h fazendo o esforço de crescer dentro da “casca” velha até conseguir se livrar dela... Achei o máximo e me arrependi de ter xingado a Lud quando ela parecia ter desistido.

Entendi que eu agia assim com as pessoas e comigo. Profundo isso, né? Mas é verdade! Não tinha paciência pra respeitar os limites, meus e dos outros. Não conseguia compreender quando alguém travava, quando andava em descompasso com meu ritmo acelerado, quando eu achava que a pessoa poderia me acompanhar e não me dava ao trabalho de perguntar se poderia mesmo. A Lud me deixou atenta a isso todos os dias depois de sair da “casca”.

Outro dia deu uma ventania muito, muito, muito forte e ela sumiu, a teia sumiu, tudo sumiu... Fiquei triste. A Lud saiu voando e não vai voltar. Acho que não estava preparada pra isso.

Mas eis que, passada a chuva, achamos a Lud subindo do pé da planta onde ficava a teia dela, fazendo uma teia provisória. Continuava forte, bonita e grande. Fiquei orgulhosa dela! Fiquei orgulhosa de mim...

E assim vai a vida: uma coisa de cada vez, lenta e despreocupadamente, respeitando o relógio grande que agora conta o tempo pra mim.

Dizem por aí, que no relógio grande o tempo demora mais a passar! (hihihihihihihihihihihihihi)

Beijos, queridos!"

sábado, 5 de abril de 2008

Vai começar a diversão!


Queridos, voltei!

Minha vida cigana me trouxe de volta pro ninho. Foi uma despedida estranha. Só o mar e eu...

Não havia ninguém no aeroporto, não teve festa de despedida, não houveram telefonemas. Só eu e o mar...

Fui vê-lo, porque o céu me dizia que ele estava triste, cinzento, revolto. O céu chorou me contando isso. Chorou muito! E eu também...

Não havia do que, ou de quem me despedir, a não ser o mar, e mesmo assim eu chorei na despedida. Talvez esse choro se deva ao fato de que o mar é mesmo maior que tudo isso. Só ele e eu entendemos isso.

E foi assim: pisei na areia, suas ondas tentando me alcançar. Estava calçada, mas não resisti. Despi os pés e deixei que ele me acarinhasse pra dizer adeus. Foi insuportável vê-lo tão cinzento depois de tantas vezes admirar a infinitude do seu azul.

Tive vontade de mergulhar, ficar imersa nas suas cores, no seu sal, me misturar a ele, virar mar também. Tive vontade de ficar lá, até perder a hora, até perder as idéias, até perder a noção do tempo. Só o mar me tirava de mim naquele lugar.

Mas deixei que ele me afagasse os pés com sua espuma, se agitasse com meu afastamento, como tentando me alcançar, e fui.

Estou aqui, longe do mar, perto de tudo o que eu quero, feliz. Sem festa de chegada, sem recepção no aeroporto, com as caixas bagunçadas e - conseqüentemente - parte da vida também. Mas estou de volta à vida real.

E ela sim, é maior que tudo isso!