quinta-feira, 24 de abril de 2008

Outro tempo começou...


Escrevi isso há algum tempo e não postei. Hoje, ouvindo o Ney cantar "é preciso estar atento, forte. Não temos tempo pra temer a morte", me arrependi e resolvi postar.

Algumas coisas ainda são verdade, a não ser pelo fato de eu não ter persistido nas minhas "atitudes". Ah! A Lud sumiu. Pra valer, dessa vez. E eu expulso os passarinhos que vêm ao canteiro, porque acho que um deles papou a pobrezinha...

É o seguinte:

"Antes de tudo, o texto é grande, não comece se não quiser terminar!


Muitas coisas mudaram nos últimos dois meses e a grande maioria me trouxe uma tranqüilidade como há muito tempo eu não experimentava. Não que todas elas tenham sido boas, pelo contrário. Mas certamente todas elas me mobilizaram de tal forma que fui obrigada a aprender a contar o tempo um pouco mais devagar.

Pra falar a verdade, se voltasse no tempo, facilmente perceberia que já estava mais do que na hora de botar o pé no freio.

Foi preciso meu cérebro “tiltar”, meu corpo parar de responder na mesma freqüência, meu pensamento se desorganizar, eu ficar atordoada, triste e rancorosa, grudada no sofá, apática e perdida nos pensamentos trágicos.

“Pane no sistema, alguém me desconfigurou”.

Fui obrigada a começar o processo de mudança. Pra melhor! Por algum tempo tive medo de mergulhar nessa de mudar; medo de não ser mais eu mesma e perder pessoas. Mas, putz, quem sou eu mesmo???

Essa é a parte difícil de começar: não saber exatamente de onde partir.

Eu selecionei algumas coisas: apatia, tristeza, cansaço e medo.

Pra me movimentar, comprei um tênis; saí do sofá, comecei a lidar com a angústia de sair de casa, ir ao médico, ir à terapia, sair e ver o mundo. Nesse quesito ainda oscilo, mas acho que já avancei bastante!

Pra tristeza, estabilizei meu cérebro. Demorei pra aceitar isso, ainda não sei se consigo falar... E pra falar a verdade, acho que não preciso.

Pro cansaço, comecei a criar estratégias pra dormir bem, não ter pesadelos, não acordar às 4h da madruga, não me assustar com minhas tentativas de grito durante o sono. Era muita coisa ao mesmo tempo e descansar, respeitar meu horário de sono, me obrigar a olhar pro teto, se necessário, até dormir, tudo isso fez a maior e a melhor diferença de todo o processo até agora.

Pro medo, adotei uma aranha. Quem me conhece sabe que não tenho uma relação amistosa com aracnídeos de um modo geral. Mas essa aranha é especial...

Temos uma jardineira na varanda de casa e lá tem diversas plantas e matinhos que eu planejava substituir, mas o Paulo achou uma aranha lá e a Gisele a batizou de Ludmila. Nós a chamamos – intimamente – de Lud.

Ela é uma Aranha de Prata, é fêmea mesmo e faz e refaz sua teia numa agilidade impressionante. Passamos a alimentá-la com moscas e formigas que achávamos pela casa. Até que um dia ela simplesmente parou. Não refez mais a teia, não comeu os bichinhos que caçou – e nem os que nós caçamos.

Minha primeira reação foi sentir culpa. Achei que tínhamos dado algum bichinho envenenado pra ela e que ela estivesse morrendo. Achamos que talvez ela não devesse comer soldadinhos (aqueles bichinhos pretos com bolas brancas nas asas) e tinha sido sua última caça, a que estava no centro da teia.

Depois fiquei com raiva dela – sim, pode rir, criei uma relação de afeto com ela – achei que ela tinha desistido, que era uma aranha fraca e que realmente não merecia sobreviver.

Um dia, olhei pra teia e havia duas aranhas lá. Fomos olhar de perto, curiosos, e percebemos que ela estava crescendo. Passou quase 48h fazendo o esforço de crescer dentro da “casca” velha até conseguir se livrar dela... Achei o máximo e me arrependi de ter xingado a Lud quando ela parecia ter desistido.

Entendi que eu agia assim com as pessoas e comigo. Profundo isso, né? Mas é verdade! Não tinha paciência pra respeitar os limites, meus e dos outros. Não conseguia compreender quando alguém travava, quando andava em descompasso com meu ritmo acelerado, quando eu achava que a pessoa poderia me acompanhar e não me dava ao trabalho de perguntar se poderia mesmo. A Lud me deixou atenta a isso todos os dias depois de sair da “casca”.

Outro dia deu uma ventania muito, muito, muito forte e ela sumiu, a teia sumiu, tudo sumiu... Fiquei triste. A Lud saiu voando e não vai voltar. Acho que não estava preparada pra isso.

Mas eis que, passada a chuva, achamos a Lud subindo do pé da planta onde ficava a teia dela, fazendo uma teia provisória. Continuava forte, bonita e grande. Fiquei orgulhosa dela! Fiquei orgulhosa de mim...

E assim vai a vida: uma coisa de cada vez, lenta e despreocupadamente, respeitando o relógio grande que agora conta o tempo pra mim.

Dizem por aí, que no relógio grande o tempo demora mais a passar! (hihihihihihihihihihihihihi)

Beijos, queridos!"

2 comentários:

Nilzabeth disse...

Eu gostei do texto e ainda mais do sentimento que demonstras de flexibilidade e interesse na mudança... Eu tb tenho mudado muitas coisas em mim. E isso tem sido bom...
=D

Gabi disse...

Oie!!

Aqui em casa temos uma aranha (não tão bonita qto a Lud) que mora dentro da fechadura do portão.

Ela é dessas pequeninas, pretas que pulam em vez de andar.
Sempre que saio ou chego em casa, eu olho para o local onde ela costuma ficar, pq sempre que a gente coloca a chave e ela está lá, ela pula para dentro, se escondendo.

Já teve umas duas vezes que ela ficou um tempão sem aparecer, muitos dias mesmo.

A gente achou que ela tivesse morrido ou mesmo ido embora.

Na verdade, não sei qto tempo as aranhas costumam viver e talvez, possam ser os descendentes dela, que ficam herdando o local protegido.

O movimento de esconder é sempre o mesmo; e isso me faz pensar que é ela mesma, afinal.

Bjs prá vc!